o tempo marcha pelas
paredes imundas de segundos.
e reabre no chão,
espaço ao corpo, ao gesto.

nenhum esconderijo é perfeito
para o teu olhar que me corre
nas veias e me solfeja o vento
do norte.

foi ontem, mas há tempo que fujo
por te encontrar.

quantas vezes fingimos
não ouvir a mais pura
canção de amor?

de que é que estamos à espera?



portugal pide la palavra

la produccion [de arquitectura] del pais vecino
seduce con la elegancia de sus formas, pero
sorbe todo persuade con la consistencia de los
argumentos que la sustentan.

Portugal no grita, pero tampoco se calla; ni con
las palabras ni con las obras.

el pais, 5 nov 05

a maioria das pessoas tem muitas caras.
Quem parece ser sempre a mesma pessoa
não é uma pessoa.

É um personificador de uma pessoa.


burroughs in
cidades da noite vermelha

being on the road is not only a path to self knowledge
but also opens one up to the possibility of REVELATION...

não é o silêncio do costume,
mas é ritmo e bom gosto,
amanhecer com vontade...

tenho sido feliz à hora de almoço.
muito feliz...

o teu trabalho é e deve ser uma reacção
perante a tua vida e as coisas que te interessam.

philip-lorca di corcia

o silêncio já se tornou para mim uma necessidade
fisica e esperitual. inicialmente escolhi-o para ali-
viar-me da depressão. A seguir precisei de tempo
para escrever. Após tendo-o praticado por certo
tempo descobri todavia, o seu valor espiritual. E
de repente dei conta em que eram esses momentos
em que melhor podia comunicar com Deus. Agora
sinto-me como se tivesse sido feito para o silêncio.

ghandi.

de que alimentas tu a tua vida?
de onde vais buscar tu a energia
para viver?

há quem a procure na musica, nos livros.
há ainda quem, um pouco distraidamente,
a encontre extraindo-a das pessoas...

ontem à noite,
aterrou em Lisboa a
minha América.

um momento único,
puro de sensibilidade e revelação,
como aliás todos os momentos
de celebração devem ser.

para quem não o conhece,
dá pelo nome de devendra banhart.

no publico de hoje, um anuncio de um banco
dizia-me em letras menores sob uma imagem
(de página inteira) do mais puro dos pinguins:

fazemos tudo pela multiplicação da espécie. [o seu dinheiro]

esqueço mas disfarço mal.
basta um olhar, por mais breve que seja,
para sentir o que um dia escrevi,

" concluido o burning man, o regresso à
realidade é inevitavel mas, nada, mas
mesmo nada voltara a ser como dantes..."

porra, para o ano vou lá outra vez...

caroline - where´s my love, cd single 2005

duas músicas, duas pérolas que
aconchegam e reparam a falta e a perda.
leves e soltas, penetrantes mas misteriosas,
adequadas para um inverno que se quer último.

são sigur rós com sabrina de bailarina, coco rosie
de sabor unico ou mesmo postal service
de pijama e candeia a iluminar o caminho.
são as gotas na janela que desfazem a
ambição do verão...que vem longe.

é urgente aproveitar.

"my first BURNING MAN was in 2000.
The weather was miserable, my friends
were too wasted to related to and i
became violently ill. i have been coming
ever since".

hoje, no dia em que sinto tremendamente a
sua falta, encontrei esta pequena justifi_
cação para o meu regresso. já para o ano
que vem...

para quem não sabe o que é:
www.burningman.com
www.scottlondon.com/photo

já o tinha em momento de espera e,
agora, depois do primeiro contacto,
corre frequentemente no meu ipod.



seu jorge vai estar em breve entre
nós. a não perder...

sorrias no fim,
e o meio era um parágrafo desentendido,
uma linha com pavor a um rumo anunciado.

mas nem tudo pode ser comandado...

até 15 de setembro as minhas aparições
mudam de sintonia.

http://goodluckjim.blogspot.com

instante puro, o silêncio faz-se
de sons, marcas de tempo
que corrigem ao de leve,
e remendam. sim, remendam...

é para lá que vou, para o deserto,
para o mais breve dos pontos que conheço.
e voltarei eu, de lágrimas nas mãos,
para vos contar o quanto fui e o quanto cresci.

-

com estes a partida está sempre garantida,



l'altra - diferent days

escuro, incerto, feito de cuidados
e de estrondos, o sentido das tuas mãos
propõe a magia de um planalto americano,
as montanhas que se erguem a norte do
meu olhar.

sabes, confesso que tenho sentido
falta de partir.

qualquer homem decente
se envergonha do governo
sob o qual vive.

HL Mencken

"...Bush recusa-se a envolver-se na tentativa
de limitar as emissões de gases com efeito de
estufa." in Publico,7.06.05

nada de novo portanto. como me
disse o outro: "..it´s not our priority!"

terça,
o homem das nuvens vai
arrancar a noite às profundezas
de nova iorque e desvairar-se
por espeluncas imensas e gente
desvairada. os protagonistas...

devagar, apaguei a tua imagem
para que os olhos recebessem a luz
que deixaste atrás de ti.

(poema de Maria João reynaud com
fotografia de joão mariano)

ontem, em plena fnac, descobri
paisagens sonoras de sonho.



summer at shatter creek - all the answers

um excerto assombroso de um livro grande;

...quando se voltou e olhou directamente
para o céu, este parecia muito mais longinquo
do que alguma vez reparara. no entanto,
sentia-se muito próximo de si próprio, talvez
porque um homem para se sentir vivo tinha
primeiro de deixar de pensar em si próprio
como estando sempre a caminho. tinha de
haver uma paragem, esquecer todos os
objectivos. uma voz diz: «espera», mas
normalmente ele não a ouve, porque se
esperar ele atrasa-se. e, se realmente esperar,
pode acontecer que quando começar a
mover-se esteja numa direcção diferente. é
uma ideia assustadora. porque a vida não é um
movimento para ou de qualquer coisa; nem do
passado para o futuro, nem da juventude para a
velhice, nem do nascimento para a morte. o
todo da vida não é igual à soma das suas partes.
é igual a qualquer das partes; não há soma. o
homem adulto não está mais profundamente
envolvido na vida do que um recem-nascido. seja
porque perspectiva for, o resultado é o mesmo:
a vida por si própria, o facto transcendente da
vivência individual.

paul bowles in let it come down

...the crisis at Leica has deepened in
recent months as sales have slumped
and banks have started to terminate
credit lines.

analysts blame its woes on a tentative
and tardy entry into the digital camera
market as demand for its expensive high
quality analogue equipment has stagnated...

in financial times, 16 abril, 2005

indiferentes ao que se trata,
aposto que nem analistas nem shareholders
sabem do que é capaz este objecto.

a isabel stilwell escreve sobre
uma ideia muito interessante:

as lágrimas são uma coisa tão
bem inventada! revelam um
momento de inspiração e de génio.

hoje, as primeiras 9 páginas
do publico eram dedicadas a
negocios sob investigação.

viver reparte-se entre a fuga
do dia anterior e a procura que
se faz no dia que ai está, ganho à escuridão.

a todos nós é exigida a escolha de uma
rota que se faz de contínuas colisões. admito
que tenho dias que fujo, fujo de medo de uma
penumbra que osculto de forma instintiva,
quase sem querer...

a luz, mesmo que ténue - a minha penumbra,
é mais importante. é nas viagens que a encontro.
a verdadeira.

"o mundo é um paisagem devastada
pela harmonia." paulo nozolino em
serralves até julho.

este logo silencio significa perda.
viajar. estar sozinho. isolar-me
para me encontrar. em Tanger,
nas igrejas de lallibela ou num
vagão do trans-siberiano...

semana dedicada a esta senhora.
chama-se joanne newsom. será que
todo o silêncio da sua harpa caberá,
quinta in lux?

amor e sofrimento

é impossivel acabar os amores, não é?
Pode (é) acabar a possibilidade de as
pessoas estarem juntas.
by rita blanco in dna

ser de esquerda é não suportar o
sofrimento dos outros.
by josé mario branco (citado pela rita)

no porto, são campeões,
já têm metro e agora andam
a dar-nos música.
qualquer dia mudo-me...

22 maio. american music club
29 maio. antony and the johnsons
05 junho. howe gelb/giant sand
21 junho. lcd soundsystem.
(sempre na casa da musica)

um encontro - infeliz e turvo,
é apenas pouco, de um acaso
sumido no resguardo do tempo,
apagado de vento e chuva.

porque não caberei eu,
na lembrança de tudo o resto
nas cores escondidas e
ramos mortos de traços, assim...

porque um encontro é só
um encontro...

estes ficam comigo esta semana:


death in vegas - satan's circus



new order - waiting for the sirens call



efterklang - tripper

Una decisión: Guardé la Leica ”en un armario.
Ya estaba cansado de permanecer al acecho,
buscando y en ocasiones captando la esencia
del blanco y negro, intentando saber dónde
está Dios. Hago películas. Ahora hablo con la
gente que se mueve en mi visor.
Robert Frank

o voo inicia-se no silêncio,
quando a maturidade chega
vigorosa, violeta intenção pura.

E ai, contigo,
onde quer que estejas,
sem sequer saber se existes...,
há pouco-muito por fazer, por onde andar.
subir, descer, voltar, e ser de novo.
pequeno, grande, tanto importa.
interessa é o cheio de sempre.

até aos 30, tens a cara
que Deus te deu. Depois disso
tens a cara que mereces.

retirei da dor um qualquer
filme espanhol...

"para um pai,
pior do que ver um filho morrer,
é ver um filho querer morrer."

-

não é os caminhos que a gente toma,
é o que está dentro de nós que faz com
que a gente dê no que vem a dar.

O.Henry in Os caminhos que tomamos

fotografia do espanhol ramon masats

-


a curva paira no mesmo segundo
em que tudo ficou mudo,
e eu ali, de olhos largamente abertos,
fixo o tempo, e recordo com agrado,
o inicio de toda a conquista.

o equilibrio, faz-se através
de sonhos cheios e de amanhaceres
rosados, feitos de vida e caminhos

é para quem fica
que devemos olhar,...

não preciso de amanhã
e da miragem feita difusa,
quando sossego nos braços do mundo,
e respiro ante este azul veludo nosso.

perder-me... talvez seja a
certeza de encontrar-me cheio,
num abundante vazio de pequenos nadas.
depois, avanço na melodia certa,
feita de tanto e de tudo.

queria sempre assim...

fico com a sensação que
divagar, leva-nos longe.
e qualquer forma de viajar é
saborosa por si só.

longe. lá onde o homem das
pestanas fortes se sente...

-

desculpem, mas lá em baixo...
ambos sabemos que não é a
fuga que sustenta o sonho.
esse, continua diante dos
nossos olhos, no seu lugar.
difuso, mas no lugar certo...

entre um volume negro e a vaga
feita de um frio enorme, surgiu-me
esta pista a apontar para o caminho,
o meu.

"Quero uma vida inteira a escrever
sobre o que vi com os meus próprios
olhos, contando tudo com as minhas
próprias palavras, de acordo com o
estilo que escolher, tenha vinte e
um, trinta, quarenta, ou em qualquer
outra idade ainda mais avançada e
juntando tudo, como um registo de
história contemporânea, para que no
futuro, seja possível ver o que
realmente aconteceu e o que as pessoas
realmente pensavam.", jack.

sobre isto e todas as verdadeiras
questões deste mundo, tens razão...
não é nada mau me encontrar aos
quarenta. há pessoas que vivem uma
vida sem lá chegar.

e quando se nasce um dia,
com um desejo secreto de ser
alguem, cujas capacidades
não herdámos?

nesse preciso minuto, em que se
revela o pior, o mundo sobra
e cai sobre si mesmo, sobre nós.
e o que fazer a esse sonho,
para ali deitado, a esperar o
momento e a pessoa certa que,
a custo, compreendemos não sermos
nós.

suspensos, resta a fuga
de olho fechados, uma longa
ausência. parece que o silêncio
ajuda. ou será engano?

já o queria ter visto no doclisboa mas
foi, neste sabado ultimo, que encontrei
finalmente este filme/documentário maior.

para além da história, homenagem à sua
mãe, o cheiro a América selvagem e tudo
o resto que preenche e que nos envolve
de uma forma tão sublime quanto dramática,...

tarnation vai de encontro a maior
das "verdades" que todos nós enfrentamos desde o
nosso primeiro minuto de vida: a perda e
a consciência de que tudo tem um fim.

é por isso que tarnation, mesmo sendo
um filme sobre a vida do autor, é um
documento no qual cabemos cada um de nós,
mesmo que por breves instantes.

porque todos já perdemos alguém próximo
e sabemos quanto custa o profundo
arrependimento de querer viver tudo uma
outra vez e de uma outra forma. com os
nossos pais, com os nossos avós ou com
os nossos amigos.

tarnation é por isso, um maravilhoso
documento que celebra a vida sem o mostrar,
e do qual nos deviamos abeirar sem medo
e com a genuina emoção de quem sabe que
o importante se encontra dentro de nós...

é o filme que um dia, todos deviamos
fazer para, quem sabe, encontrar a
verdadeira razão da nossa existência.

-

a banda sonora original, tão própria
para este domingo que passou, é meio
caminho para lá chegar e deve ser
ouvida aqui:
www.tindrum.com/tarnation/index.html

felizmente, os pequenos
tormentos servem de alivio
e aconchego. porque é ao fundo,
que todos esperamos alcançar.

neste objecto,
cabem todos os filmes
das nossas vidas, minutos feitos
de ondas sonoras leves e belas,
pequenos reparos que ajustam a
vida a tempos certos. certos.

há claro, paisagens. as mesmas
paisagens, minhas. são imagens que
assaltam do estrondo, num mar de
frondosos abetos que escorregam
monte abaixo, ou no silêncio feito
de uma solidão apenas aparente.
uma estrada sem fim no mais inóspito
dos desertos e um céu de infindáveis
estrelas, brilhantes e luminosas.
é sempre assim...

e mesmo que nos recorde alguem,
mesmo assim, vale bem o esforço
conhecer os the dead texan e
pedir que regressem sempre.

disfarço a evidência do sorriso
e evito o piscar curto e feliz,
enquanto arrumo o tempo
na gaveta do mundo, meu.

respiro o teu sono imaginário...

foi precisamente aqui que
pela primeira vez se avistaram
as nuvens...

volto até lá, para as encontrar
de novo, cheias e brilhantes.

...não há nada por fazer,
porque não escutas e sorris,
pois só por ser já enche a alma.

resguardo essa sensação,
ideia minha por agora e,
aproveito. paro de fingir que
tu existes e soletro devagar,
bem devagar, os sons da rua.

sou incapaz de compor os
mais breves e insisto, quando
o teu cheiro derrapa das minhas
mãos rosadas e cheias.

fica sempre tudo, mas que
bom que o amanhã existe
cheio, feito poema, pronto
ante o amanhecer.

i can’t believe the news today
oh, I can’t close my eyes and
make it go away

how long...
how long must we sing this song?
how long? how long...

’cause tonight...
we can be as oneTonight...

broken bottles under children’s feet
bodies strewn across the dead end street
but I won’t heed the battle call
it puts my back up
puts my back up against the wall

sunday, bloody sunday

todos os homens sonham, mas não
de igual forma. Aqueles que sonham
à noite, acordam de dia e descobrem
que tudo se resumiu a vaidade.

Mas perigosos são aqueles
que sonham de dia, porque esses
sonham com os olhos abertos e tudo
(mas tudo) farão para que os mesmos
se tornem realidade.
de T.E.Lawrence

e tu, de que lado estás?

soletro-te ao ouvido
os sons que habitam nos céus
onde nada se reconhece
e tudo é maior.

queria dizer-te apenas,
que o mais feliz dos caminhos é
por vezes, encontrado na perda,
no erro e na espera.
sim, a espera...

bom, agora que o dizes,
talvez tb na comunhão, ou ainda
no acaso que os ventos
regalam a cor dos teus olhos,
razão de querer abrir os meus,
todo o santo dia...

de tudo,
fico só com a certeza,
que eu e tu, somos nós...

-




tributo a low - we could live in hope

é das coisas mais sublimes
que tenho ouvido. no silêncio,
onde mais poderia ser,
tudo parece feito de veludo,
segredos desajeitados e rumores
quase, quase a cair.

em constante replay, a esperança,
encontro-a em cada segundo
de audição.

November 30, 1999

Dear Bill Gates,

I swam past your dream house the other day,
but didn't stop to knock. Frankly, your underwater
sensors had me worried. I would have liked to take
a look at Winslow Homer's _Lost On The Grand Banks_.

It's a great painting, but speaking as a friend and
fellow citizen, at $30 million you paid too much.

HIGHEST PRICE EVER PAID FOR AN AMERICAN PAINTING!!!

So why are you so interested in a picture of two
poor lost dory fishermen, momentarily high on a swell,
peering into a wall of fog? They're about as high as
they're ever going to be, unless the sea gets uglier.
They are going to die you know, and it won't be a
pretty death.

And as for you Bill, when you're on the net, are
you lost? Or found?

And the rest of us -- lost or found -- are we on it, or in it?

Your friend
Alan Sekulla

desse teu olhar,
fazes crer ao mundo que...

por entre as ruas destroçadas,
2 crianças correm. distilam candura
nos breves passos, de uma inocência
que sobressai da fuga das metralhadoras
do mundo, esse imenso mar de revolta
que encontra no disparar a maior das
suas ruinas...

e depois?...
depois há o amor, ..., naquele salão de
jogos, refúgio e pausa entre a angústia
do viver e morrer. aquele olhar penetrante,
suspensa alienação de quem pressente...

amar.
amar é sempre melhor.

os lugares podem ser afectados
pela intensidade das coisas
que ali ocorrem, Rheydt

uma agitação invulgar,
o tropeçar e o recair num
longo murmurio, que estreito,
por ali segue e colhe o desprevenido.

é o infortunio dizem,
que faz oscilar...

"não fosse a minha
competência para amar,
e nunca teríamos acontecido.
num mundo de competências
e técnicas de ponta,
a dádiva da fala
quase já não conta.

depois, quase ias embora,
desse teu modo evanescente,
não soubesse eu ver-te,
tão transparente,...

e teria sido apenas um
encontro acidental,
uma simples vertigem..."

in competência para amar, clã

consigo encontrar na
profundeza da tua alma,
o mesmo azul que embala
o vidro de um amigo meu...

é feito de espera,
recorte de vida...