Thursday, October 28, 2004

"Anna dobrava-se para apanhar uma moeda
do chão e nesse movimento a saia subia e quem
passava via-lhe as nádegas. De tanto serem
vistas as nádegas de Anna ficaram gordas. Até
que um dia Anna já não conseguiu dobrar-se
para apanhar a moeda do chão. E ficou pobre e
gorda, rodeada de moedas que não podia apanhar."

recheio de um livro que visito com frequência, palavras
que moldam o pensar. De quem vem, é o tormento do costume.
Gonçalo M. Tavares in Biblioteca. Desta vez, num apontamento
sobre Ionesco.

Tuesday, October 26, 2004

Ganhei o hábito de não estar no lado bom.
Estou no lado dos que lutam. E assim estou bem...

Sunday, October 24, 2004

"Os sapatos são muito importantes
porque são eles que seguram os
intestinos. A primeira vez que ouvi
isto achei absurda, mas aos poucos
começo a compreendê-la. Se tiveres
bons sapatos os teus intestinos
funcionarão bem. É absurdo, mas os
sapatos são indespensáveis para fugir
e cagar. É isso. Ouviste bem. Os
intestinos não são um orgão
secundário quando o que queres é
sobreviver." ,

gonçalo m. tavares in
Um Homem: Klaus Klump, uma história
de guerra temperada com o frio
e austeridade germânica.

Tuesday, October 19, 2004

- Como correu a entrevista?
- Bem. Beijinhos.
- Onde estás?
- Na baixa.
- Eu também...

E um espaço em branco trouxe o
silêncio. Ele, o homem de pálpebras
fortes e escuras, não compreendia.
Nunca compreendeu aliás. A
matéria dos homens. O seu alcance.

Tinha sido vencido de novo pelo
seu impulso. O impulso suspende
sempre nos momentos mais graves.
Nesse instante, em que desejara
não ser momento, por ali ficou.

No fim desse dia, o céu encontrou
o escuro da noite...

Tuesday, October 12, 2004

do silêncio, irrompe um som,
breve, estreito,...
que trespassa e
desperta.

em lugar já sombrio,
incauto fica o sonho,
o nosso.

adormecer,
nunca compensou assim...

-

este conforto chega-me
sempre às segundas e ao
sábado em horas pardas.
Vidro Azul, está aqui
para nunca mais se
perder. Ouve-se pela net
o aconchego...


Sunday, October 10, 2004

E quando morrermos, se morrermos, Deus não
saberá o que fazer. Muito mais do que isto não
temos. Mas é tanto.

Rui Chafes in Durante o Fim

Thursday, October 07, 2004

um homem chamou todos os outros homens
para o seguirem até ao deserto e nele
construiram cidades e filhos; e cinco gerações
viveram felizes e com guerras, naquele sitio.
O descendente da quinta geração desse primeiro
viajante, um dia, chamou todos os homens
para o seguirem até às antigas cidades, que
entretanto tinham sido invadidas pela areia.
Caminhou vinte dias, e quando olhou para
trás reparou que só um homem o seguia.
- Pelo menos tenho um discipulo, disse.
Mas o outro, tendo como propriedade um rosto
de assassino, ao mesmo tempo que acariciava
o metal no bolso, pensava: pelo menos
tenho um punhal.

um interessante apontamento sobre Kerouac,
de Gonçalo M. Tavares in Biblioteca. sobre a
pureza e uma certa inocência da sua
escrita. outros tempos...

Friday, October 01, 2004

" De certo que a maioria dos presentes
pouco ou nada sentiu, mas eu...,eu
emocionei-me ao ver o ferro ser
furado pela broca".

Rui Chafes ontem na Culturgest, por
apresentação do filme sobre a sua
obra, "Durante o fim".
Palavras muito belas que agitam,
pela "combustão" entre o artista
e a matéria.

-

"Não é Deus que está morto, são os
homens bons que já não moram
aqui." mst in Publico

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